segunda-feira, 11 de abril de 2011

DOMITILA CHUNGARA - GUERREIRA DA PAZ



Domitila Barrios de Chungara, mulher boliviana e mineira, no ano de 1975, como dirigente sindical do Comitê de Amas de Casa del Distrito Minero Siglo XXlI, foi enviada à conferência mundial do Ano Internacional das Mulheres, na Cidade do México, com a missão de denunciar os massacres e a violação diária dos Direitos Humanos nas minas da Bolívia.


Trouxe a público, por exemplo, o massacre de San Juan, em 1967, quando o ditador René Barrientos ordenou o ataque do exército contra as comunidades mineras de Catavi e Llalagua. Dezenas de trabalhadores foram mortos, e Domitila, que estava grávida, foi presa e torturada até perder seu filho.


A educadora brasileira Moema Viezzer tomou depoimentos de Domitila que se transformaram no livro “Si me permiten hablar ....Testimonio de Domitila – uma mujer de las minas de Bolívia”, que narra com riqueza de detalhes a vida nos acampamentos mineiros da Bolívia, a luta dos sindicatos de trabalhadores das minas e também a organização das mulheres, sobretudo do acampamento Siglo XX, onde viveu.


A coragem e força dessa mulher foi tão grande que, no Natal de 1978, foi a La Paz , com mais quatro mulheres lutar pelos direitos que seus maridos, que, por trabalharem até a exaustão, não tinham tempo nem energia para lutar. Juntas, essas cinco mulheres, acompanhadas de filhos, saíram de suas casas dizendo que iriam derrubar a ditadura. Era difícil de acreditar. Foram às ruas e iniciaram uma greve de fome. Mas derrubar uma ditadura ainda faltava muito. No entanto, mais pessoas se juntaram à causa e em pouco tempo tinham mais de 1.500 pessoas. Depois de algumas horas, a notícia correu e os manifestantes pacíficos já eram milhares. vinte e três dias depois das cinco bravas mulheres começarem a greve de fome, as ruas, as diferentes cidades da Bolívia foram ocupadas por manifestantes que lutavam pelo fim da ditadura. Domitila, atualmente com mais de 70 anos, vive em Cochabamba, na região central da Bolívia, e continua uma guerreira da paz, e na sua casa simples funciona uma escola, com o nome Escola de Alfabetização Política.



"Recordo-me de uma assembléia de trabalhadores,nas minas da Bolívia, já faz umtempinho, mais de 30 anos: uma mulherlançou-se entre os homens e perguntouqual é nosso inimigo principal. Escutaram-se vozes que respondiam: ‘o imperialismo’,‘a oligarquia’, ‘a burocracia’…


E ela, DomitilaChungara, esclareceu: ‘Não, companheiros.


Nosso inimigo principal é o medo, e o levamos dentro de nós.’" Eduardo Galeano




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