sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

a esperança como bandeira... dom Helder Câmara!!!


D.Helder, um intenso semeador das sementes de Cristo, nos tocou porque sua vida foi a quebra de todos os limites, para que a justiça, o amor e a esperança estivesse presente, viva dentro do povo... desse povo que carrega o peso da opressão, injustiça, da fome, do medo, da desesperança.
Sua caminhada nos dá um tom de luta intensa, que não recua, vai adelante embora se apresentassem dificuldades inimagináveis que intentam te fazer perder energia, foco e persistência.
Um traço que nos trouxe muita reflexão foi para o fato de não confundir o tom de sua luta com dualidades entre o que determinava como certo e errado; não se enquadrou no partidarismos, ou disputas sobre quem portava a verdade divina (acredito que isso lhe deu uma clareza imensa do trabalho), inclusive não julgava, ou emitia uma opinião antes de conhecer a situação, como exemplo de quando o AI-5 foi instituído no país e legalizou uma série de medidas arbitrarias (como o fechamento do Congresso Nacional e a censura) ao qual não o apoiou ou rechaçou de início, somente após um curto espaço de tempo, que o fez colocar forças no apoio aos manifestos e manifestações da sociedade brasileira. (cumpre destacar que em 13 de dezembro desse ano se completou 45 anos desde a emissão dessa barbárie).
Como justificativa da observação, Dom Helder afirmou:
“todo preconceito é fraqueza intelectual, ou primarismo cultural”.
Ou seja, conheçamos antes de tudo... e não discriminemos.
Apesar das lutas que foram travadas dentro do governo (lembramos que os militares tentaram por diversas vezes “calar” a voz desse revolucionário), o trabalho não parou e não perdeu seu foco de atuação, lutando sempre pela JUSTIÇA SOCIAL, e pelo povo mais oprimido.
Com a perseguição do governo militar aos partidos políticos, movimentos sociais, estudantis, sindicais e etc., ocasionaram o aparecimento de grandes lacunas quanto a luta por esta justiça no Brasil, pois seus atores principais estavam sendo perseguidos no país; assim, D. Helder intensificou seu trabalho para completar o vazio ocasionado por essas ausências na sociedade, trazendo um Super Esforço!!
Dessa forma, fizeram com que ele adotasse atitudes de enfrentamento ao regime com o compromisso cada vez mais arraigado pela causa dos pobres, dos injustiçados e dos perseguidos políticos, sendo nosso principal ator no exterior que manteve forte atuação nas denuncias quanto ao desrespeito aos direitos humanos que, infelizmente, regaram nossa sociedade naqueles anos de chumbo.
Agora tratando de sua luta pela justiça social (a bandeira que manteve firme sem recuar), atuou muito com a educação comunitária, empoderando o coletivismo para que a sociedade atingisse as transformações necessárias.
Criou a Pedagogia da Esperança, pois defendia que o catolicismo deveria ter uma maior responsabilidade social e não se preocupasse, apenas, com questões espirituais, pensando que a Igreja poderia seguir uma ordem social mais justa e voltada para o coletivo.
Ajudou na reformulação e reestruturação da Ação Católica (que, quando da ditadura, teve uma forte atuação por discutir e atuar junto aos problemas de base) e, claro, a criação da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos no Brasil).
Esteve envolvido na criação de um projeto popular que foi responsável por grande alfabetização da população brasileira nos anos 60, mas abrangia, não só esse enfoque, pois preocuparam-se com uma educação integral para o desenvolvimento, na população, de consciência política, social e religiosa do estudante trabalhador, que os conduzia a enxergar a realidade que viviam e, a partir daí, transformá-la através de uma ação coletiva. 
A cartilha desse projeto que trazia a pedagogia se chamava: “VIVER É LUTAR”.
Essa pedagogia é embasada na CONSCIENTIZAÇÃO (processo de cunho político) e na ESPERANÇA (que é a “causa” precursora de um processo de mudança) e se deixou influenciar muito por Paulo Freire e a pedagogia do Oprimido.
Lembro de alguns revolucionários ligados também a igreja, que nos banharam com sua solidariedade e luta, a exemplo de Betinho, Frei Betto, Zilda Arns e etc.
E, não estamos mais numa ditadura militar, mesmo assim hoje li uma notícia que informa que o Frei Gilvander Luís Moreira, interlocutor do movimento dos sem teto e dos sem terras em Minas Gerais, sofre ameaças de morte por defender a justiça social, por intermédio da reforma agrária e habitacional do país.
Em reverência a D.Helder que lutou por esta América e pela liberação dos povos, e do quanto há de se fazer ainda, que renovemos nosso compromisso com o ativismo nesse país e estejamos em luta pela justiça dos povos!
... ah, gracias companheiro, SOMOS SEUS HERDEIROS!
astreia

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